Quem usa regularmente o teste de Romberg para diagnóstico clínico? Sem ser neurologista, claro...
Como médicos especialistas em diagnóstico de patologia crónica dolorosa do raquis, o síndrome de estenose lombar é um dos diagnósticos diferenciais que mais vezes surge, em particular nos doentes mais velhos - que são uma grande fatia da nossa população de doentes. A questão levantada é quase sempre a mesma: dor lombar com algum tempo de evolução associado a dores nos membros inferiores - que diagnóstico?
O teste de Romberg é um teste neurológico que investiga a capacidade do doente saber a posição das suas pernas sem o auxílio dos sentidos usando apenas a capacidade de propriocepção. A propriocepção é a capacidade do cérebro saber a posição das várias partes do corpo e é transmitida a nível da medula espinal pelos cordões posteriores e perifericamente pelos nervos periféricos. Quando há algum problema com os cordões posteriores ou com os nervos periféricos, há perda maior ou menor da propriocepção. As causas desse problema são várias, e uma delas é o síndrome de estenose lombar - originado por compressão com disfunção das raízes e nervos raquidianos. Este síndrome cursa quase sempre com dor lombar e nos membros inferiores.

O teste de Romberg é muito simples. Pede-se ao doente para ficar parado de pé com os pés juntos ao lado um do outro. Posteriormente pede-se ao doente para fechar os olhos. Uma pessoa normal consegue manter-se na posição sem dificuldade. Quem tem alterações da propriocepção, ao fechar os olhos perde a noção da posição das pernas e desequilibra-se - necessita da visão para saber em que posição está.
No síndrome da estenose lombar o sinal de Romberg é frequentemente positivo. No exame físico, o sinal de Romberg positivo aumenta cerca de 4 vezes a probabilidade de ser um síndrome de estenose lombar, enquanto que se for negativo, a probabilidade reduz-se em cerca de 30%. Por esta razão, deve fazer sempre parte do exame físico de um doente com dor lombar com ou sem dor nos membros inferiores. A decisão diagnóstica é sempre um misto da clínica, exames complementares de diagnóstico e claro, da experiência do médico.
Muito boa explicação, me ajudou muito!
ResponderEliminargostei
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